Saúde das unhas
Dermatologista alerta sobre riscos de usar unhas de gel
Podem gerar alergias, facilitar a instalação de fungos e bactérias abaixo delas e, na sua remoção, causar a fragilidade da unha natural
Fotos: Arquivo pessoal - DP - Os interessados em alongamentos devem consultar um especialista antes de fazer a aplicação, neste caso um dermatologista
Por Joana Bendjouya
Manter as unhas bem cuidadas requer cuidados. Hoje em dia, tratamentos e técnicas facilitam o aumento e modelação do formato da unha quase que de forma imediata. As unhas em gel estão entre elas e ficaram conhecidas após diversas famosas divulgarem o assunto em suas redes sociais, sendo um dos serviços mais solicitados e oferecidos nas esmalterias e salões de beleza.
Mas apesar de inicialmente dar uma bela aparência para as unhas, este tipo de procedimento pode ser um problema de saúde a longo prazo. As unhas de gel se tratam de uma técnica que utiliza uma camada para alongar e modelar as unhas naturais. Mesmo sendo uma opção popular, é importante conhecer os cuidados e riscos associados ao uso desses materiais. A médica dermatologista Alessandra Jaccottet Piriz, titulada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ressalta alguns pontos a serem observados. “As unhas de gel podem gerar alergias, facilitar a instalação de fungos e bactérias abaixo delas e podem causar a fragilidade da unha natural”, comenta.
De acordo com a especialista, cada pele e o organismo de cada pessoa pode ter reações das mais variadas, em virtude dos produtos utilizados. Desta forma, é muito importante ter acompanhamento desde a aplicação, bem como as manutenções de formas adequadas são essenciais para minimizar os riscos. “O primeiro passo, caso deseje realizar pintura em gel ou alongamentos de unhas é avaliar a saúde da unha com um médico dermatologista e ter certeza que está tudo bem para poder então deixar aquela unha coberta pelo período que costuma ficar com o alongamento, que deve ser preferencialmente de 15 em 15 dias. É preciso deixar a unha respirar”, orienta.
Cuidados com o tamanho
As unhas em gel costumam ficar bem presas às unhas naturais, tornando perigoso qualquer trauma que pode ocorrer em uma simples batida. Sendo assim, a médica alerta também para o cuidado com a escolha por unhas muito longas que, além de facilitarem o acumulo de sujeiras e bactérias, também têm mais risco de sofrerem traumas e descolamento do leito do dedo. “Não deixar a unha muito comprida quando for fazer o alongamento. Primeiro não é muito higiênico e, segundo, como a unha fica forte porque é um produto artificial, ela pode sofrer algum trauma e arrancar a unha. Fica como se fosse uma alavanca e isso causar um trauma, algo que vai machucar, pode acarretar a entrada de bactérias, fungos e ter consequências mais importantes”, explica.
Reações
Outro cuidado importante é na hora da retirada dos esmaltes, que é fundamental estar atento aos tipos de removedores, pois alguns produtos são tão fortes que podem acabar removendo camadas de queratina, o que acaba por deixar a unha mais fraca. Desta forma, os mais indicados são aqueles que não possuem acetona em sua composição. “Nas manutenções, é sempre muito importante conferir a unha sem o gel e sem o esmalte, ver se tem alguma alteração ou surgimento de lesão. Sempre fazer manutenção com profissional bem habilitado e não tirar em casa. De preferencia retirar o esmalte com produto que não contenha acetona.”
Existem inúmeros produtos químicos que fazem parte do material utilizado para modelar as unhas em gel, que podem causar alergias em uma pessoa e em outras não. Alessandra explica que, em alguns casos, o paciente pode desenvolver um quadro de dermatite pela exposição a esses materiais. Sendo sempre necessário avaliar com um dermatologista caso venha a apresentar coceiras ou alergias enquanto estiver usando esses alongamentos. “Já atendi pacientes com dermatite de contato pelos produtos da esmaltação e alongamento. A paciente referia que ardia muito, que tinha desconforto quando aplicava e insistiu achando que poderia passar os sintomas, só que a lesão acabou se estendendo, além de danos nas mãos teve alergia no rosto também.”
Atenção à saúde das unhas
E foram estes sintomas aparentemente sem motivo e que surgiram de forma persistente que fizeram com que Thaís Bunilha Ribeiro suspendesse o procedimento de alongamentos de unhas. Ela conta que durante um ano ficou em um processo repetitivo de lesões nas mãos, que pioravam a cada nova sessão de manutenção das unhas em gel.
“Eu comecei a ter uma alergia nas mãos, fazia bolhas, com líquido e coçava muito e isso custava mais de uma semana para desinchar. Eu precisava passar uma pomada, as bolhas secavam e os meus dedos começavam a descascar. Quando estava começando a sarar, chegava o dia da próxima manutenção, porque eu fazia de 15 em 15 dias. No mesmo dia, já começavam a inchar novamente e todo processo voltava. Coçava tanto que eu nem dormia à noite. Eu fiquei assim quase cinco meses, fazendo as manutenções, tendo os sintomas e tentando tratar”, relembra.
Thaís explica que só após seis meses dessas repetições de crises é que começou a desconfiar que poderia ser relativo ao alongamento. Só então foi buscar uma ajuda especializada, quando então consultou um médico dermatologista. “Quando a médica afirmou que era isso mesmo, precisei retirar o gel, não podia usar nem usar esmalte. Em um mês do tratamento, não tive mais nenhum sintoma. Hoje em dia cuido das minhas unhas normalmente e consigo inclusive usar esmalte.”
Cabines de secagem
Encontrar uma profissional de unhas que use um equipamento com lâmpadas de led pode ser uma boa ideia, já que estas lâmpadas levam poucos minutos para fixar e secar as unhas. Porém, a dermatologista alerta sobre o perigo dos raios ultravioletas nos procedimentos de esmaltação e aplicação das unhas de gel e que existe o risco de câncer maligno pela exposição às lâmpadas utilizadas no processo. Porém, ainda não se sabe ao certo quantas sessões e qual o intervalo entre elas seria o limite para não provocar riscos. Sendo assim, neste caso o recomendado para precaução é: quanto menos, melhor.
Alessandra afirma que estudos já comprovaram que as lâmpadas utilizadas nestes aparelhos de secagem podem causar os mesmos danos causados pelo sol caso a exposição seja excessiva e, de acordo com o estudo, há a possibilidade do desenvolvimento do carcinoma espinocelular, segundo tipo de câncer de pele mais comum na população mundial. Ele ocorre pela exposição crônica aos raios ultravioletas, surgindo normalmente na região das mãos e também ao redor das unhas.
“Cabines de secagem podem ter lâmpadas UV ou de led. As duas vão emitir radiação ultravioleta, predominantemente ultravioleta A, que é aquela radiação que causa envelhecimento, manchas e pode causar câncer de pele também. Existem estudos que conseguem avaliar esse dano pela exposição ao sol e pelas cabines de bronzeamento, mas não se tem um estudo que realmente diga o quanto essas máquinas de secagem oferecem risco, mas de qualquer forma a gente explica que isso pode acontecer e orienta que se possível use o protetor solar, se possível faça uma secagem natural, tentar usar luvas que fazem proteção UV, mas isso a gente está protegendo a pele e não embaixo da unha, aonde também pode acontecer o câncer de pele“, explica.
Porém, para quem ainda assim, fizer o uso desses aparelhos, a médica recomenda a aplicação de um protetor solar UVA/UVB para as mãos minutos antes delas se submeterem à luz e alerta sobre a frequência na utilização desse procedimento, o que também é bastante importante e deve ser o máximo possível reduzida.
SBD criou um guia sobre orientações
As informações do documento alertam que os alongamentos não são recomendados para gestantes, pessoas com diabetes, para as pessoas que tenham psoríase, pacientes em tratamento contra o câncer e os menores de 16 anos. Outra orientação que o guia ressalta é que toda pessoa interessada em fazer o alongamento das unhas deve buscar informação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a situação de regularidade do produto que será utilizado. Da mesma forma, deve estar atenta ao profissional que irá acompanhar, visto a importância que ele tenha formação adequada e cumpra as regras de higiene e segurança em saúde.
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